sábado, 25 de setembro de 2010

A Travessia de Giselda

Giselda adora aventuras. Certa vez, estava na lagoa e ficou achando aquilo tudo muito parado e costumeiro. Resolveu, então, botar o pé na rua. A lá francesa, bateu em retirada. Nunca tinha estado do outro lado da rua, e a rua é tão cheia de coisas assustadoras, esse ano mesmo uma colega tinha sido atropelada pelas coisas rápidas e violentas que passam na rua. Mas, Giselda nunca tinha visto tais coisas, era uma jovem e protegida perereca que nunca havia saido de seu ninho.
Acho que Giselda e todos nós nunca saberemos o por quê da atitude que ela tomou. Rebeldia? Coisas da juventude? De Família? Bem, na verdade não importa, não pra Giselda. Ela simplesmente o fez, como naqueles momentos em que somos tomados por uma vertiginosa adrenalina que nos diz estarmos fazendo a coisa certa e devemos fazê-la imediatamente.
Giselda foi para o outro lado da rua, não foi seguida, nem vista. Foi um momento só seu. Ela atravessou para o outro lado. Sentiu a gostosa sensação de estar transgredindo toda a ordem de sua vida. Primeiro, sentiu medo e dúvida, mesmo assim o fez.
Giselda é dessas pererecas sapecas, possui um fogo dos infernos. Apesar de preocupados, seus pais não esperavam outro destino para ela que não o mundo infinito e perigoso que escolhera para si.
Desde aquela fatídica noite de primavera, quando Giselda fez a "travessia", as coisas nunca mais foram as mesmas na família, e Giselda sabia, já não era apenas uma jovem perereca, era uma perereca de atitude, que tinha uma personalidade própria com forças e coragens que ela jamais antes conhecera.
E como nos parecem grandes e assutadoras as coisas que nos acontecem depois das ruas que circundam o lago.

Gabriel Oliveira

Giselda

Essa é a história de Giselda. Giselda é uma perereca. Ela mora não sei onde, se é que Giselda mora em algum lugar. Acho que Giselda tem várias moradas, podemos dizer que Giselda é uma perereca aventureira, dessas que já nascem inventivas e arteiras.
Já tive a ilusão de que Giselda era minha perereca, que morava em algum canto da casa, escondida embaixo da folhagens que insistem em cair no chão do jardim. Mas não, Giselda é do mundo, ela é e dá mais um encanto ao mundo, e me dá uma imensa alegria poder compartilhar com Giselda minha morada, onde podemos nos desmanchar, e em segurança descansarmos das aventuras dessa vida.

Gabriel Oliveira