quarta-feira, 8 de junho de 2011

espírito errante

Eu gostaria de lhe falar, mas não sei como começar. Acho que só gostaria de não deixá-la fugir, como se estivesse a dois continentes em distância. Em seu silêncio, também me silencio, e nossas vozes se perdem e fico a navegar em brumas.

Não quero ferir ninguém, e isso inclui meu orgulho próprio. Ando sentindo-me como um forte e jovem capitão sem medo de enfrentar a fúria dos sete mares, mas um pouco sem vontade, vai rumando por esquinas sombrias e avenidas palacianas procurando seu cruzeiro do sul, o seu cometa, a sua insanidade.


Sou navegante, e assim vivo, flutuando, regando, em mergulhos, em quedas e calmarias, mareado e desgraçado.

Bem, se não podemos, por todos os mares que desejamos, navegar, podemos sonhar. A sempre simples sabedoria popular nos alerta que sonhar não paga imposto, o cantor e poeta já disse que sonhos compartilhados são realidades. Eu não sei. O que vejo é que não quieto o espírito e acho que jamais hei de adormecê-lo. Assim levo-me pela vã crença que, em espírito, posso evocar-lhe os bons ventos que, por ventura, precisar. Boa viagem onde estiver e para onde for.


Emiliano Alphonsus Coito

Um comentário:

Jaqueline Zanetti disse...

As poucas vezes que fui feliz na minha vida, foram as que eu me permiti sonhar.

Eu já sonhei um amor também, morri um pouco quando acordei, mas ainda posso sentir a luz das manhãs. Sobrevivi.

Hoje, sonho cada vez mais.

Belo texto Gabriel.
Beijos e flores.