Eu gostaria de lhe falar, mas não sei como começar. Acho que só gostaria de não deixá-la fugir, como se estivesse a dois continentes em distância. Em seu silêncio, também me silencio, e nossas vozes se perdem e fico a navegar em brumas.
Não quero ferir ninguém, e isso inclui meu orgulho próprio. Ando sentindo-me como um forte e jovem capitão sem medo de enfrentar a fúria dos sete mares, mas um pouco sem vontade, vai rumando por esquinas sombrias e avenidas palacianas procurando seu cruzeiro do sul, o seu cometa, a sua insanidade.
Sou navegante, e assim vivo, flutuando, regando, em mergulhos, em quedas e calmarias, mareado e desgraçado.
Bem, se não podemos, por todos os mares que desejamos, navegar, podemos sonhar. A sempre simples sabedoria popular nos alerta que sonhar não paga imposto, o cantor e poeta já disse que sonhos compartilhados são realidades. Eu não sei. O que vejo é que não quieto o espírito e acho que jamais hei de adormecê-lo. Assim levo-me pela vã crença que, em espírito, posso evocar-lhe os bons ventos que, por ventura, precisar. Boa viagem onde estiver e para onde for.
Emiliano Alphonsus Coito
Um comentário:
As poucas vezes que fui feliz na minha vida, foram as que eu me permiti sonhar.
Eu já sonhei um amor também, morri um pouco quando acordei, mas ainda posso sentir a luz das manhãs. Sobrevivi.
Hoje, sonho cada vez mais.
Belo texto Gabriel.
Beijos e flores.
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