domingo, 13 de dezembro de 2009

A procura da poesia

Nesta manhã de domingo levanto de minha cama com um redemoinho de pensamentos que com uma fúria simples me tomaram a consciência. Um pensar calmo em mar tempestuoso de sonhos e aflições.
Não fazia frio ou calor, barulho não havia, creio que nem sonhos havia em meu sono. Acorda! É preciso trabalhar. APós uma caneca de capuccino, e um pedaço de panetone barato peguei o texto a estudar. Mas a cabeça não queria ler.É comum dizermos não estamos com cabeça para isso ou aquilo. Em tempos de hoje já não podemos mais nos dar ao luxo de não ter cabeça para o que deve ser feito. Mas, será? Será que nessa manhã de domingo onde o tempo parece ausentar-se, que as pessoas nas ruas não fazem barulho, só os pásssaros cantam, será que nesse mundo perdido espaço-tempo eu posso me perder também a cabeça para aquilo que devo fazer?Perdoem-me as vãs indagações. Não é sobre essas que quero conversar, muito embora elas são provenientes também da odisséia em um mar em fúria.
Faço-me a mesma pergunta que Drumond fez a si mesmo. Seria meu coração tão grande quanto outrora pensei que fosse. O poeta concluiu que não, disse:"estúpido, ridículo e frágil é meu coração, só agora vejo que nele não cabem nem as minhas dores, por isso me dispo, me exponho cruelmente nas livrarias, preciso de todos."
Meu coração também é menor do que pensei um dia que fosse. Entretanto, as minhas dores que me fazem navegar não são para os outros. Eu não sinto-me a vontade e não quero falar sobre as aflições do trabalho, a mulher que passou e o amor deixou, sobre a solidão ou a falta de sentido. Prefiro amontoá-los em meu peito e vê-lo explodir jogando estilhaços que não ferem ninguém e a partir disso reconstruí-lo. Creio estar aprendendo com os mares revoltosos onde nos sentimos pequeno perante a natureza e a (des)ordem das coisas e com as calmarias de oceanos que jogam-nos num tempo-espaço único e proprício para que possamos nos guiar, botar a mão no leme e alçar velas. Tenho aprendido também com Drumond, e quem sabe um dia como tal, eu ache a minha poesia.

Emiliano Alphonsus Coito

2 comentários:

Maria Carolina disse...

Pois ééé... Chico já dizia... "tem dias que a gente se sente..."
Belo texto!

anatterezah disse...

Legal o texto sr Gabriel ;)
Tah escrevendo bem...ou sentindo tudo muito intensamente heim...uma coisa leva a outra, sorte sua q tem o dom representar bem em palavras tais sentimentos =*