domingo, 28 de novembro de 2010

Hold On, soldier




Ás vezes não sei por que precisamos nos alimentar, somos imensuráveis bolas de fogo vital, e necessitamos de oxigênio, exigimos as condições para sermos vivos, buscamos incessantemente espaçonaves para nos ascender aos céus, somos também anjos degredados aspirando à morte.

Não sei se sou ou se existo, sei que gosto de explodir, de raiva, de alegria e medo, e juntar os cacos caídos e jogados , escondidos, ínfimos, e colar todos para formar o que, antes, fui. Não se trata de ressuscitar o passado, porque ele nunca morre, as explosões são para eu me sentir vivo, talvez para experimentar uma concretude de mudanças, para sentir o tempo e que não estou alheio a ele e que ainda vivo, mesmo sem sonhos, esperanças ou forças.

Gostaria de brincar com a morte, me relacionar intimamente com os anjos das trevas, correr certo, sem rumo, ao desconhecido e intangível. Gostaria de gozar na cara da morte e dar-lhe um tapa forte em seu rosto, cuspir nela e herdar a ira dos deuses já que todos os dias vem o carcará a comer minhas entranhas que renascem com o passar das madrugadas.

Como um lagarto queria mergulhar nas folhas amareladas de outono, ser mais rápido e feroz do que os ventos de agosto, uma bala de canhão que explode ao ser atirada violentamente contra o inimigo.

Não quero ser paz, porque não sou paz, nunca fui. Sou tão egoísta e traiçoeiro quanto o mar. Agarro-me aos sonhos, com tamanha força que chego a perder as unhas e sangro incessantemente.

Sou um soldado perdido num campo de batalha, já perdi as raízes, presenciei o horror da condição humana e já não tenho para onde ir ou voltar, minhas unhas já estão crescendo, mas não paro de sangrar.

Emiliano Alphonsus Coito

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