domingo, 14 de novembro de 2010

Navegando, poetando




Sim. A poesia não se perdeu. Estou apenas farto e desgastado de ressucitar fantasmas e de criar imaginárias situações e seres verossímeis. Sou poeta e não abandono a poesia, mesmo calado, mesmo ausente e escondido.


Não respiro poesia, mas eu a crio, não falo, mas escrevo, ou sinto apenas, amontôo-as todas e as jogo em meus mares, seladas, mas nunca impermeáveis.


Sou de paixões, vivo de paixões, alimentam minha alma sedenta de vida já tão cheia. As poesias, como as paixões, fazem de mim um homem melhor, mais perto do que considero como um homem deve ser. Sentido de minha vida é amar.


Não tenho horas certas, sonho acordado, em um mundo tangível eu imagino outros, chego a tocá-los, sou vida pulsante e úmida, sou navegante. Não sou diferente dos insetos que parecem nascer das chuvas e que procuram luzes e calor. Eu também renasço das chuvas e da madrugada, e ressurjo como esta, sóbrio e silencioso, meio preguiçoso até, nada anunciando àqueles que não sabem ouvir.


Tenho medo de acordar a madrugada, de despertar dos sonhos acordados, de estragar a poesia, por isso me calo, e navego com a maré, em silêncio e em paz.


À querida Ane, Gabriel Oliveira
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"Íntimo como a melâncolia e ínfimo como um grão de poesia" Drumond ou Vinícius (não me recordo)

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