segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Promessas



Por tanta coisa passou Neil neste ano que estava por acabar, navegara por mares de sentimentos itensos e tempestuosos, terminara uma relação que o levou a sentir o amor como nunca antes sentira, ainda inexperiente nessas desventuras, sofreu muito, quase perdeu o sentido das coisas, por pouco o leme não se quebrou a o mastro não se partiu.

Todo ano se passa, e permanecemos com um mesmo ritual, dentre vários outros: o reveillón. O nosso momento de passagem, como fosse um ponto de mutação, um marco, um divisor de águas em nossas vidas.

Já em novembro Neil decidira que passaria seu fim de ano viajando, há anos que não curtia a sensação de liberdade, de prazer de viajar, simplesmente por querer conhecer e viver, nos últimos anos só havia viajado para visitar parentes, cerimônias familiares, trabalho e também para acompanhar sua ex-mulher Diana. Mulher com quem rompera há pouco tempo, logo após as férias de julho. E depois de um tempo de resguardo e luto, Neil queria novamente sentir
o mundo e entregar-se aos seus prazeres. Sozinho, com suas próprias pernas e com o fôlego revigorado.

Apareceu Alba. Neil a conhecia já há algum tempo, fora namorada de um colega seu. Eles, Alba e Neil, moravam em cidades bem distantes um do outro, mas mantinham um contato através
das maravilhas virtuais da internet. Por muitos anos trocaram idéias, filosofias, poesias e músicas, o contato, ás vezes, se rompia por meses ou anos, mas sempre o refaziam, e por anos e anos nunca mais viram-se, restringiam-se aos contatos virtuais, não chegavam a uma natureza muito íntima, trocavam mais os gostos, as impressões e indagações. Neil sempre respeitou seu espaço individual e o mesmo sempre o fez Alba.

Sempre gostou de viajar Neil. Por muito tempo viajou até de caronas com companheiras fiéis de viagem e de estrada, conheceu lugares que nunca imaginara conhecer, muitas vezes sem dinheiro e sem maiores pretensões a não ser cair no mundo, conhecer a humanidade das diferentes pessoas, sotaques e costumes. Experimentava o sabor da liberdade correndo pelo seu corpo, sentia-se um conhecedor das vidas humanas, de seus medos e prazeres e muito aprendeu nos seus caminhos percorridos.

Em uma das conversas de internet, Neil contou à Alba seus novos anseios de viajar, sozinho pelo mundo, mesmo que brevemente, mesmo que para perto, durante a passagem de ano, e juntos começaram a pensar nos lugares possíveis e desejados. Montanhas, cidade nostálgica e cachoeiras, encontraram o lugar preferido por Neil, que por um momento de coragem e alegria incontida convidou a jovem, no outro computador, que lhe fizesse companhia, jogando por terra suas idéias primeiras de caminhar sozinho por lugares e pessoas desconhecidas. Mas, também era ela uma desconhecida com a qual tivera pouco contato real, e acima de tudo sempre a achara extremamente bonita e muito interessante.

Alba é uma mulher do mundo. Tem a beleza de uma deusa olímpica e sabe que é bela, tem o conhecimento do que provoca nos homens, mas tal qual uma deusa vaidosa ela não cativa
apenas pela aparência, tem uma iteligência invejável e uma personalidade forte e determinada, Alba tem poesia nos olhos e nas ações e é determinada, provida de uma teimosia construtiva também invejável.

Ela quis. Ela aceitou seu convite, e ainda mais, mostrou-se muito entusiasmada. Naquele mesmo domingo, esqueci de dizer era um domingo de novembro, começaram,ambos, a pesquisa por pousadas e hoteis, cada um mais bonito e aconchegante do que o outro, mas era preciso ter cautela para não ser enganados por truques e falsários de internet. Em menos de uma semana já tinham tudo nos conformes, pousada reservada, gastos e fundos analisados e a viagem de fim de ano muito prometia.


(To be continued)


Gabruiel Oliveira

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